16 de agosto de 2006

TFDP

abriu. embreagem, acelero, embreagem, acelero.
breco, embreagem. embreagem, acelero, seta, xingo.
motoca, busão, rodinho, inimigo.
acelero, acelero, fecho, bééé.
breco, ops, zémané, foi mal!
embreagem, acelero, breco, sinal.
olho olho olho. penso penso penso.
propaganda, paquera, saco imenso.
minutos se vão.
esmola, vendedor, nãos.
olho a hora.
abriu, embreagem, acelero. até a próxima demora.

31 de julho de 2006

oooo

oo
ooooo
oooooooooooo
oooooooooooooooo
oooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooo
oooooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooooo
ooooooooooooooooooo
oooooooooooooooo
oooooooooooo
oooooizav

30 de abril de 2006

SEU CÉU

ago/2005
.
sol
sua.
toda
tua...
só sua.
...toda
nua...
no céu
no sol
na rua
na lua
afinal...
só sol
sua
.

27 de abril de 2006

Labuta

27.05.06

Não quero que a desculpa para a minha infelicidade seja o dinheiro. Pode ser coisa bem pior, mas dinheiro, com certeza não.

12 de março de 2006

MUUUUUI PEQUENINA

pensamento - jan/2006


Me sinto tão pequena que nem sei onde estou. Qual meu endereço dentro deste corpo?

VIDA BRANCA

poesia - jul/2005
A vida que só nos engana. Nem sei o que sei quando vejo um branco que é branco; depois ele pode ser preto. Como tudo o que nos engana à primeira vista. Como a vida que nem existe, mas que a gente pensa que existe. Ela é um caminho que só eu vejo - e que ninguém mais vê. Uma viagem que existe, e que com certeza não existe. Mas espero que um dia exista: quando eu morrer. Aí sim a vida vai existir. Todinha só para mim. Maravilha, é isso que eu espero da minha vida (que não é vida). Porque minha vida só para mim me serviria para me fazer companhia na minha solidão. E assim tenho um casal perfeito: vida inexistente e solidão real. Lindos. Na minha vida só minha não-vida.

23 de fevereiro de 2006

MORTE TRANQüILA

Jan/2005


Seu rancor é a coisa mais linda que já vi
Mais perfeita, mais redonda, a melhor poesia que li
Seu rancor é tudo neste mundo
É você, é sua vida, é o seu desbundo

Seu rancor faz você mover montanhas
Arrastar, derrubar e despedaçar
Ele é sua linha-guia
O que te faz respirar

Então morra sufocado por seus rancores
Com seu medo, com seu ego, com seus pudores
Engula todo seu ódio,
limpe bem sua boca,
troque com gosto de roupa
e vá pro seu asqueroso pódio

Deite-se na sua cama de poder
Na cama de força que é a camisa da ilusão
Deite-se com quem você conseguir ter
Pegue seu rancor e esfaqueie seu coração.

ETERNóTICO (DES)QUERER

jan/2005

O que você quer nunca é o que eu quero
O que eu quero nunca é o que você quer
Nós nem juntos estamos
Por isso o que queremos
nunca é o que vivemos

Não me diga que o sonho acabou,
desta cama eu não quero levantar
Não pense que o mundo mudou,
na verdade o que você quer é o que eu quero
e o que você quer é me matar

FELICIDADE MORA NO VAZIO AO LADO

ago/2005

Tudo o que queria era tropeçar
na felicidade
em alguma esquina, em algum bar
Mas me sinto tão sem corpo
que acho que não vou encontrar
a felicidade
em momento algum, em nenhum lugar

Se a felicidade está dentro de mim
ela mora em um altar
mais inatingível que o impossível
e é certo que está perdida
numa balbúrdia singular

Ela está onde o nada é tudo
Onde querer é poder
Onde respirar é viver
Onde sentir é se ter
Onde gozar é renascer
Onde você sou eu
Onde eu sou você
Onde minha'lma está
Naquela feliz cidade do meu peito...
...onde nada há

MORRO PARA VIVER VOCê

Ago/2003


Te amo tanto que te odeio
Odeio você e suas coisas
Suas coisas que são minhas
na minha vida que é sua

Me odeio tanto que te amo
Amo você e suas coisas
Por isso só consigo viver
vivendo para morrer por você

QUANTO MAIS, MENOS VOCê

Ago/2003


Quanto menos penso em você
mais te quero
Quanto mais penso em você
mais te odeio
Quanto mais te odeio
mais te amo
Quanto mais te amo
mais me odeio


Quanto mais você é feliz
mais eu sorrio
Quanto mais eu sorrio
mais você me odeia
Quanto mais você me odeia
mais te amo
Quanto mais te amo
menos você me quer

21 de fevereiro de 2006

Momentos Eternos de Uma Vanessinha Sem Vida

Congelar os segundos, os minutos, as horas, os momentos… Não importa o ritmo ou a duração, é isso que Vanessinha adora fazer. Assim como seus amigos, um tanto de seus familiares e um muito tanto dos seus desconhecidos, Vanessinha é uma consumista (sim, não é um estado, é uma profissão) contumaz de tudo o que existe. Inclusive de momentos, e por isso Vanessa vive a congelar: shows, pés, festas, encontros, olhos, roupas, bocas, flores, objetos, risos e até sua gata – e depois os guarda na sua gaveta invisível, localizada dentro da televisão virtual que a conecta ao mundo. O mundo dela e não o meu, diga-se de passagem.
Vanessinha é assim porque quer ter uma coleção incrível de fatos, pessoas e de todas as coisas que viu na vida e das que nunca poderá ver ali, ao alcance das mãos, sob seu poder, em sua gaveta. Como consumista contumaz, ela acha todos os momentos que congela incríveis.
Mas os momentos, que no começo eram apenas vontade de tê-los, viraram vício. Compulsão. Adicção. E Vanessa não consegue deixar de querer todos eles a toda hora. Sua preocupação é sempre ter um. Dominada, é tão escrava que nem lembra de vivê-los – os fatos, as pessoas e as coisas. Mas isso é o de menos. O que importa é tê-los - como cremes, roupas, plásticas, pulseiras.
Ela quer ter todos os momentos porque, junto com as outras coisas sensacionais que possui, usa-os para mostrar para o mundo como é bacana, poderosa, antenada. Para isso, Vanessinha liga sua televisão, conecta-se a ela e coloca as imagens do momentos das pessoas e dos momentos das coisas em um arquivo que pode receber elogios de pessoas do mundo todo. E de todas as pessoas do mundo, inclusive. Se ter é poder, possuir todos os momentos é chique - é para quem tem tempo para isso.

17 de janeiro de 2006

IDADEANDO

Meus bulbos já não são mais os mesmos, essa foi a maior certeza que tive em 2005. A partir de agora, saem deles fios alvos.
Ao encontrar meu primeiro Cabelo Branco - assim mesmo, com maiúsculas, com toda pompa que um ser deste que surge em meu corpo merece –, um turbilhão de pensamentos invadiram minha cabeça. Assim como o primeiro namoradinho, o primeiro beijo, a primeira transa e o primeiro emprego, o primeiro Cabelo Branco trouxe dúvidas, inseguranças e incertezas que eu nunca imaginei que pudesse sentir. Afinal, o dito cujo tem apenas 0,001 cm de diâmetro e não mais que 2 centímetros de comprimento. Sempre imaginei que fosse passar pelos momentos nos quais a idade bate à porta impávida, serena, com aquela sabedoria dos monges. Pensava que iria encarar como algo natural e, quem diria... nem desconfiava de que era apenas mais uma mortal com modelos socados na mente pela sociedade que exalta a juventude e execra os velhos. Justo eu, que adoro idosos! Mas a primeira reação quando vi no espelho aquele incrível faixo de luz prateada (a cor é linda, temos que admitir), espessa, saltando entre meus amados cabelos castanhos, foi de horror, desespero total. Já estava separando o filho único (e de mãe solteira, é bom deixar claro) dos outros quando lembrei do dente do siso, um martírio que vem para “trazer juízo”. É bom acreditar nessas coisas, a vida fica mais fácil. Seguindo essa linha de pensamento, me tranqüilizei: “Acho que fiquei mais sábia de um dia para o outro!”. Mas a tranqüilidade durou poucos segundos, pois em seguida vieram os dramas: “Aceito os primeiros traços da idade ou arranco?”. “Reconheço ou sumo com ele e finjo que não foi comigo???”. Nossa, que sofrimento! Confesso que por longuíssimos 5 minutos pirei, fiquei louca, me transformei. Então baixou em mim, enfim, o aguardado espírito da sabedoria: decidi sair da emoção e raciocinar. “Se eu arrancar o primeiro Cabelo Branco, talvez demore mais 2 anos para o segundo nascer. Que ótimo! Vou retardar a velhice em 24 meses, vou rejuvenescer 2 primaveras!”. Resolvido. E assim voltou minha juventude: através de um simples tranco com os dedos. E o melhor: entendi por que tem tanta gente careca.

16 de janeiro de 2006